Raça Bovina Mirandesa

A História da Raça

Os bovinos mirandeses são reconhecidos pela sua adaptação a condições ambientais difíceis, com ambientes adversos e parcos recursos, típicos da região transmontana. É uma raça de dupla aptidão, tanto utilizada para a produção de carne como para trabalho, embora, atualmente, a sua principal função seja a produção de carne, muito apreciada, pela sua qualidade e sabor. O nome de “raça bovina Mirandesa” deve-se à toponímia de Miranda do Douro, ou Terras de Miranda, o centro de irradiação da raça para outras regiões.

“A Mirandesa, e por afinidade genética a Arouquesa, pertenceriam ao tronco étnico Castanho Côncavo, formado a partir do Bos taurus brachycerus, desenvolvido na Europa Central, de onde se expande para a Península Ibérica já como domesticado” (Alves, 2004, citado por Sousa e García, 2009).

Considerando a análise da história recente, nomeadamente números apresentados e considerações feitas por eminentes zootecnistas, relativas aos séculos XIX e XX, pode-se garantir que, ao falar da raça bovina mirandesa, estamos a dissertar acerca da mais prestigiada e mais populosa raça bovina de Portugal, reportando à época. Assim foi porque, além de haver um equilíbrio da raça com o seu habitat natural, as suas capacidades intrínsecas, traduzida na possibilidade de produzir trabalho e carne, levaram a que irradiasse desde terras de Miranda até à província Alentejana, passando pelas Beiras, Estremadura e, praticamente, todo o território Nacional. Em 1870 os Bovinos Mirandeses ocupam a maior parte do Alto Alentejo, expandindo-se, posteriormente, por toda a província, apesar dos seus sucessivos cruzamentos da raça eliminando a pouco e pouco a raça pura, diminuindo assim os seus efetivos. O motivo da sua expansão pelo Alentejo seria a falta de alimento, já que a raça existente no Alentejo seria mais exigente do que a raça Mirandesa.

Em 1959, a portaria nº 17132 de 22 de abril instituiu o livro Genealógico dos bovinos da raça Mirandesa, em conformidade com o decreto nº 41109 de 14 de maio de 1957 que regulamenta os serviços de reprodução animal, o registo genealógico e os seus contrastes. Em 1989 criou-se a Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa que assumiu, a partir de 1993, todas as responsabilidades de gestão do livro genealógico e do melhoramento da raça. Em 1994, foi atribuída a Denominação de Origem Protegida (DOP) à “Carne Mirandesa”, produzida nos concelhos de Bragança, Vinhais, Macedo de Cavaleiros, Vimioso, Mogadouro e Miranda do Douro.

Padrão da raça

Corpulência: Grande (vacas – 500 Kg; touros – 900 Kg)

Conjunto de formas: os bovinos de raça mirandesa são compridos, largos, bem musculados, de linha dorso-lombar quase horizontal, de terço posterior desenvolvido, de membros de comprimento mediano, formando no seu todo um conjunto harmónico.

Pelagem: Linha dorso-lombar e marrafa loiras, dorso e lombo aloirados, que vão escurecendo progressivamente para as extremidades, atingindo nestas zonas, normalmente, a tonalidade preta. Os machos são mais escuros que as fêmeas e as crias são homogeneamente loiras.

Andamentos: fáceis, sem vacilação das ancas.

Temperamento: manso, mas enérgico.

Cabeça: pequena, de perfil ligeiramente côncavo, nuca larga e proeminente; marrafa abundante e aloirada; fronte larga e deprimida entre as órbitas; olhos aflorados e rodeados por uma zona de pelos claros; chanfro curto e recto, de focinho largo, de coloração preta e com uma orla de pelos brancos; orelhas largas, horizontais, revestidas internamente de pelos compridos e claros (pelindrengues); cornos de cor esbranquiçada, enegrecidos na ponta, de comprimento médio, de secção circular, simétricos, pouco divergentes, ligeiramente inclinados para baixo na origem e revirados para cima na ponta.

Tronco: pescoço curto, forte e de barbela desenvolvida; cernelha larga e um tanto saliente; dorso e lombo compridos e largos; garupa comprida, larga, aproximando-se da horizontal; cauda de média inserção, comprida, fina e bem tufada; tórax alto, largo e bem arqueado; ventre de regular desenvolvimento, úbere bem implantado e de boa conformação.

Membros: bem aprumados; flanco bem descido; espádua comprida e larga; braço e antebraço fortes; coxa e nádega compridas, largas, bem musculadas e com perfis tendendo para a convexidade; extremidades fortes e com articulações largas, unhas rijas e de tamanho médio.