Raça Churra Galega Mirandesa

Padrão da raça

Cabeça: comprida, afilada, de perfil craniano subconvexo e desprovida de lã. Apenas os machos possuem cornos, com forma espiralada e secção triangular. Os olhos são de tamanho médio e circundados por manchas pigmentadas de castanho-escuro ou preto nos indivíduos brancos, e brancas nos indivíduos pretos, distribuição pigmentar que se observa igualmente nas orelhas e nos lábios.

Pescoço: Comprimento médiomas pouco largo. Coberto de lã em toda a sua superfície.

Tronco: pouco volumoso e estreito, com costelas pouco arqueadas. Garrote pouco saliente e espáduas achatadas. A garupa é curta e um pouco descaída, revelando fracas massas musculares. A cauda é comprida.

Pele: fina e untosa, branca ou amarelada.

Úbere: globoso, com tetos bem implantados.

Membros: curtos, mas fortes, frequentemente pigmentados assim como as unhas, que são rijas e de tamanho médio. Despidos de lã na sua parte terminal.

Velo: extenso e relativamente pesado, constituído por madeixas compridas e pontiagudas. Recobre quase todo o corpo, exceto a cabeça e as extremidades livres. A lã é de apreciável qualidade, dentro do tipo churro.

A história da raça

Remeter-nos à origem da raça é fazer uma longa viagem ao passado. Os celtas cruzaram as ovelhas autóctones com os carneiros que traziam, obtendo assim o primitivo tronco churro e o seu nome corresponde à toponímia da região de onde são originários, o Planalto Mirandês. Segundo Bernardo de Lima (1873), existiam, na região, os ovinos churros do tipo Galego Mirandês. Considerava-se então, em Trás-os-Montes, a sub-raça Bordaleira Churra, com “a aplicação industrial que é própria, isto é, satisfaz os três fins que lhe pedem: fornecimento de lã, de carne, e de estrume... Tradicionalmente, o sistema de pastoreio é extensivo, “vivem de dia e de noite no campo, pernoitam nas cancelas para adubar as terras de cultura...” (Ortigosa, 1926).

Este sistema é caraterizado por uma baixa concentração de animais, por unidade de área, mantendo a rusticidade que lhe é caraterística, bem-adaptados para percorrer as íngremes arribas cobertas de azinheiras, carvalhos, estevas e giestas, os lameiros elegantemente delineados por freixos, as pastagens vocacionadas para ferrãs ou aproveitando os restolhos, na época estival. São ainda direcionados para a sua alimentação todo o excedente das hortas e todos estes fatores, aliados às singularidades edafoclimáticas do Planalto Mirandês e ao crescimento lento dos cordeiros, proporcionam um produto de excelência com caraterísticas organoléticas únicas, o “Cordeiro Mirandês / Canhono Mirandês”, produto DOP. Também produzem lã, da qual advém o pardo e o burel, intimamente, conexo ao artesanato mirandês, como a Capa de Honras Mirandesa (Património Cultural Imaterial da UNESCO), indumentária de Miranda, usada em cerimónias oficiais.

A necessidade de manter o potencial genético derivado da raça Churra Galega Mirandesa, como aposta para a sua conservação e linhagem pura, determinou a fundação do Registo Zootécnico, criado em 1994 e a Entidade Gestora do Livro Genealógico é a Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Raça Churra Galega Mirandesa (ACOM). Atualmente, a criação de ovinos, no Planalto Mirandês, é uma atividade viável em termos económicos, que em muito tem contribuído para a manutenção das populações rurais.